Biogás gerado no tratamento do esgoto é transformado em energia elétrica em Feira de Santana




Nessa segunda-feira (19), o governador Rui Costa inaugurou uma usina de energia elétrica produzida a partir do biogás gerado no tratamento de esgoto feito na estação Jacuípe II, em Feira de Santana. Com o gás metano resultante da decomposição da matéria orgânica existente no esgoto doméstico, a usina está gerando energia necessária para acionar boa parte dos equipamentos eletromecânicos da estação. O investimento foi da ordem de R$ 4,6 milhões, sendo que R$ 3,6 milhões são provenientes do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Coelba, aprovado pela Aneel, agência reguladora do setor elétrico, e R$ 840 mil são recursos próprios da Embasa.

“Com este novo modelo de utilização do biogás, estamos cuidando melhor do meio ambiente e gerando mais economia, o que deve refletir positivamente também na tarifa de água e esgotamento. É a primeira implantação dessa experiência na Bahia e, neste formato, com a tecnologia que usamos aqui, é a primeira do Brasil, destacou Rui.

 Toda a energia produzida a partir do biogás será utilizada para suprir o consumo de eletricidade da estação de tratamento, representando uma redução do gasto com energia de R$26 mil para R$5 mil por mês. Os ganhos para a Embasa vão bem além do aspecto financeiro. “Além da redução da conta de energia, que é uma de nossas maiores despesas, outro impacto muito positivo será a diminuição significativa do volume de gás poluente lançado na atmosfera. A busca de fontes de energia limpa tem motivado instituições no mundo inteiro. E o trabalho da Embasa servirá para verificarmos a viabilidade econômico-financeira deste tipo de tecnologia, que possa, futuramente, ser replicado em outros lugares”, avalia o presidente da empresa, Rogério Cedraz.



 “O projeto realizado em Feira de Santana teve como objetivo estudar a viabilidade econômica desta tecnologia para o mercado brasileiro, visto que uma das principais barreiras para tornar o seu uso uma realidade no país é, justamente, a comprovação da sua efetividade, dentro dos parâmetros capazes de melhorar a eficiência do processo de tratamento de efluentes sob o ponto de vista energético”, explica José Antônio Brito, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Coelba. “As informações desenvolvidas na pesquisa serão disseminadas com o objetivo de diminuir as incertezas que envolvem o aproveitamento energético do biogás em estações de tratamento, aumentando, assim, a confiabilidade de investir nessa tecnologia”, completa o gerente.

Referência - O sistema de geração de biogás também servirá como plataforma de estudo para pesquisadores, estudantes universitários e técnicos da própria Embasa ou de outras empresas de saneamento, como atesta o professor Roque Araújo, do Departamento de Tecnologia da Uefs. “Esta parceria significa a possibilidade de desenvolvimento de uma série de estudos, a partir da dinâmica de funcionamento e operação da ETE. Podemos desenvolver estudos que melhorem a produção e o aproveitamento de biogás ou aperfeiçoem a remoção de escuma do lodo, por exemplo”, diz o docente, que trabalhou na Embasa por 39 anos e foi um dos responsáveis pela implantação deste projeto de geração de energia.

Fruto de um projeto visando a utilização eficiente de energia elétrica na operação de sistemas de esgotamento sanitário, a iniciativa bem sucedida é fruto de uma parceria entre a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) e a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).


Ampliação do sistema – Na ocasião, também foi entregue a segunda etapa de ampliação do sistema de esgotamento sanitário do município na área da Bacia do Jacuípe, promovendo a coleta, tratamento e destinação correta do esgoto doméstico. Foram implantados mais de 18 mil metros de redes e ramais prediais no bairro Tomba, anexação do sistema de esgotamento do Conjunto Viveiros, além de melhorias na estação de tratamento. O investimento foi de aproximadamente R$17 milhões, beneficiando 20 mil habitantes.

Fonte: Revista Meio Filtrante 20/12/2016

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